Já muito se discutiu sobre os efeitos da pandemia na transformação digital, sendo inequívoco que temos assistido à maior vaga de transformação alguma vez verificada. A alteração drástica do contexto obrigou as empresas a uma rápida adaptação, com profundas implicações nos seus modelos operativos.
O mundo mudou e as organizações foram obrigadas a dar um salto tecnológico de vários anos, em poucos meses. É importante reconhecer que esta rápida aceleração digital e adaptação das organizações só foi possível graças a um ecossistema de IT flexível, maduro e resiliente. Ao mesmo tempo, esta transformação foi fortemente alicerçada nas infraestruturas cloud – e muito em particular nas clouds públicas –, com uma oferta ampla, robusta e acessível.
Estamos a transformar o IT a um ritmo impressionante e a transição para um modelo de IT Híbrido é uma realidade – uma vez mais, a flexibilidade, agilidade e sofisticação das diferentes soluções cloud são um acelerador.
A jornada para a cloud
As organizações estão focadas em garantir que tiram o melhor partido de cada uma das clouds e procuram encontrar a configuração mais eficiente entre on prem, clouds públicas e clouds privadas. Ao mesmo tempo, estão preocupadas em garantir que as decisões que tomam hoje relativamente à cloud estão alinhadas com a estratégia global de IT – e isto inclui, naturalmente, uma estratégia de múltiplos providers com gestão inteligente e integrada do lock in. Nesta jornada, é crítico garantir que não reinventamos a roda e minimizamos o risco. Já há muito investimento feito em ativos que ajudam a definir qual a configuração mais adequada, e qual o TCO que podemos esperar para cada uma das opções. O mesmo se aplica com os ativos já existentes para os processos de migração para a cloud.
A complexidade e heterogeneidade veio para ficar, e é fundamental garantir que temos uma visão holística de toda a nossa arquitetura e infraestrutura de IT – automação, integração e observabilidade end-to-end são requisitos chave a implementar para garantirmos uma gestão eficiente.
A jornada tem tanto de complexa como de aliciante. Claramente, estamos a falar de novos paradigmas e há que considerar na estratégia um plano muito agressivo de reconversão e recapacitação das equipas de IT das nossas organizações – do sucesso desta jornada, 95% é capacitação e apenas 5% é tecnologia.
Os desafios do IT híbrido
A jornada para a cloud, nas suas diferentes configurações, está repleta de desafios, sendo o relativo à segurança um dos que mais preocupa os CIO’s das nossas organizações. Não se trata apenas dos ambientes estarem mais complexos – nas arquiteturas híbridas de IT com on prem, clouds privadas e clouds públicas –, trata-se primeiro, e acima de tudo, do que vemos hoje em termos de ameaças: - A janela de oportunidade – para os atacantes – criada com a migração massiva para o teletrabalho originou uma vaga sem precedentes – nunca se sofreram tantos ataques.
- A sofisticação dos criminosos com a emergência de ataques recorrendo a soluções de Inteligência artificial e ataques machine on machine.
Perante este contexto de maior complexidade em termos de ecossistema tecnológico e de aumento do nível de ameaça, exige-se uma mudança de paradigma – soluções muito mais baseadas em Inteligência Artificial e Machine Learning – de forma a tentarmos equilibrar os pratos da balança e as capacidades cada vez mais usadas pelos atacantes.
José Pereira
IT Operations, Cloud & Security Director, Noesis