A transformação digital é um “chavão” de que se ouve falar já há alguns anos e um conceito bastante amplo.
Hoje, podemos dividir a Transformação Digital em dois conceitos fundamentais – a resiliência digital e a aceleração digital, sendo a prioridade dada a estes novos conceitos dependente do nível de maturidade de Transformação Digital de cada uma das organizações. «Num primeiro nível do processo de transformação digital, a preocupação está centrada, sobretudo, na continuidade do negócio, protecção da força de trabalho e dos sistemas críticos da organização, recuperação de sistemas em caso de desastre, entre outros focos. Assegurado este primeiro nível, a transformação assume então uma nova dimensão, intimamente ligada ao negócio e à criação de valor para o mesmo. O foco passa a estar na expansão e optimização do negócio, dando relevância ao que a tecnologia pode acrescentar, seja ao nível da produtividade, dos processos internos, da distribuição ou da geração de receita», explica Nelson Pereira, CTO da Noesis.
Para tirarem o máximo valor da adopção de tecnologias digitais e reforçar o crescimento, as empresas do futuro são organizações que sustentam os seus processos de negócio com tecnologia, impulsionadas pela inovação e digitalmente resilientes no seu core. No fundo, empresas que adoptam uma cultura virada para a tecnologia e na sua utilização, para se tornarem mais eficientes e competitivas. «Neste estágio de maturidade, o foco da transformação digital passa por criar uma organização capaz de “aprender” e retirar valor em todo o processo: criar novos modelos e operações de negócio ágeis, redesenhar e/ou reinventar modelos de negócio, optimizar processos.
No fundo, os investimentos digitais visam tirar partido de tudo o que a tecnologia permite e estão focados, entre outros, na definição de estratégias de customer experience, tirar partido dos dados, análises em tempo real, etc. Nesta fase, as organizações deverão dar relevância à produtividade, a uma tomada de decisão mais rápida, ao conhecimento aprofundado dos seus clientes, à optimização dos seus canais de distribuição ou de suply chain, redução de custos e aumento da eficiência», acrescenta o responsável.No que toca à tecnologia, este é um momento desafiante para as organizações. É fundamental que as empresas se preparem tecnologicamente para a retoma da economia, que encetem verdadeiros processos de transformação nos seus modelos de negócio e de operação. Só desta forma conseguirão manter-se competitivas.
MUDANÇA DE PARADIGMAA pressão para reduzir o time-to-market é crescente e a abordagem “tradicional”, em que os departamentos de TI respondem às necessidades do seu negócio desenvolvendo aplicações baseadas em uma ou duas linguagens de programação, com processos de negócio assentes numa única plataforma, está ultrapassada. Segundo Nelson Pereira, é necessário evoluir de uma visão de gestão de projectos (tipicamente afastada do conhecimento concreto da necessidade final e do negócio) para uma gestão de produto (intimamente ligada ao negócio). Importa entregar rápido, testar e ajustar. “Fail fast”, para que se possa corrigir, redefinir e alimentar novamente o ciclo de desenvolvimento.
Por outro lado, a escassez de profissionais no sector das tecnologias obriga a dotar as equipas de TI com tecnologia que garanta a continuidade de negócio mesmo quando a rotatividade de recursos humanos ocorrer. Neste contexto, as soluções Low-Code irão ser dominantes nos próximos anos, quer estejamos a falar em criar um sistema de raiz ou de aplicações de suporte. Também uma forte aposta em RPA (Robotic Process Automation) será solução para problemas de comunicação entre sistemas Legacy, dispendiosos e de difícil evolução.Finalmente, a importância dada ao Digital Customer Experience. É fundamental olhar para a experiência do cliente nos diferentes canais, físicos e digitais e aproveitar o potencial da Inteligência Artificial, da personalização, chatbots, entre outras funcionalidades, para melhorar significativamente essa experiência e gerar mais receitas. Claro que, toda esta evolução seria impossível de atingir sem a cloud e os modelos de cloud híbrida serão cenários cada vez mais frequentes em qualquer organização de média ou grande dimensão, nos próximos anos.
Por último, os modelos de trabalho e o chamado Modern Workplace. A recente apresentação do Windows 365, da Microsoft, é um exemplo que vem confirmar a grande transformação a que continuaremos a assistir nessa matéria. Hoje, um simples smartphone poderá ter o poder computacional que o utilizador desejar, baseado na cloud e independente do desempenho da máquina local em que trabalhamos no momento.