O crescimento do setor das Tecnologias de Informação durante os últimos anos é inegável. Aliás, nem sequer a pandemia abrandou as Tecnologias de Informação. Se houve algum setor para além da saúde e da distribuição de alimentos que se mostrou essencial para o nosso funcionamento enquanto sociedade, foi este. Mas o setor tecnológico também é muitas vezes vítima do seu próprio hype, com buzzwords que nem sempre cumprem tudo aquilo que prometem. Então, quais vão ser as tendências reais no setor tecnológico em 2021?
Apesar de todo o burburinho à volta da inteligência artificial, da realidade virtual “convencional” e da rede 5G, provavelmente estas não vão ser as tendências a dar mais frutos em 2021. Em primeiro lugar, porque muitas destas tecnologias ainda estão em fase de lançamento e têm pouca penetração de mercado. Em segundo, porque a pandemia provocou um reset no setor das Tecnologias de Informação. Em vez de se focar meramente em R&D e na Inovação, todos os esforços se concentraram em aperfeiçoar as tecnologias que nos mantiveram ligados e ativos nos últimos meses.
Sem dúvida alguma que, neste campo, não há volta atrás. Já estávamos a trilhar este caminho, mas a pandemia veio cimentar a ideia de que o espaço físico existe como complemento ao digital, e não o contrário. Operar online e remotamente permite às empresas chegar a clientes em qualquer parte do mundo, recrutar equipas geograficamente dispersas e ser mais competitivas no cômputo geral. Mas também as torna mais resilientes a qualquer efeméride ou disrupção.
Dito isto, é fácil prever que os SaaS, a computação em cloud ou mesmo os datas centers se vão tornar ainda mais indispensáveis nos próximos anos. Ninguém duvida da Internet das Coisas. Mas, nas empresas que precisam de manter uma presença física – nomeadamente a indústria – há uma tendência para a qual queremos chamar a atenção, que é a Internet of Behaviors (IoB), ou “Internet dos Comportamentos”.
A IoB não é um conceito totalmente novo, mas decerto que ganhou fôlego com a pandemia de COVID-19. Cerca de 60% dos americanos, onde não existe um Sistema de Saúde Público, estão dispostos a partilhar os dados recolhidos pelos seus gadgets (i.e., número de passos dados por dia e fitness goals) para reduzir os prémios do seguro de saúde. Agora, estas mesmas tecnologias estão a ser utilizadas pelas empresas para se assegurar que todos os trabalhadores usam equipamentos de proteção individual e mantêm a distância de segurança.
Embora o uso deste tipo de tecnologias possa ser justificado, traz-nos diversos problemas éticos, nomeadamente ao nível da proteção da privacidade. No casos dos seguros de saúde, os mesmos gadgets podem servir para controlar as compras de supermercado e detetar compras menos saudáveis. Será que alguém deve pagar um seguro mais caro por comprar chocolate? Até que ponto estamos a usar a tecnologia para benefício do cliente, sem comprometer a sua segurança e respeitar o direito à privacidade?
Na União Europeia, as leis de proteção de privacidade têm-se multiplicado ao longo dos últimos anos – apesar de a tecnologia avançar a um ritmo ainda mais rápido do que a legislação. De resto, tendo em conta as notícias sobre hacking ao mais alto nível governamental, as tecnologias que protegem a privacidade dos utilizadores são mesmo outra das maiores tendências para 2021.
O Cliente continuará a estar no centro do processo de Marketing e Vendas, e por isso a tendência no setor das TI também é apresentar soluções cada vez mais sofisticadas no que toca ao contacto com o Cliente, apresentação do produto e facilidade de compra. É imprescindível pensar em mobile-first, com sites pensados para funcionar em telemóvel e tablet, profundamente intuitivos, responsivos e rápidos, mesmo perante o aumento de tráfego.
Em suma, a grande tendência no setor tecnológico para 2021 é a praticidade – tanto para o Cliente que interage com a marca, como para as empresas. Mais do que nunca, procuramos tecnologias com uma utilidade imediata, com períodos curtos de implementação e capazes de responder aos grandes desafios dos tempos em que vivemos.