Nos últimos anos, o setor financeiro passou por mudanças profundas decorrentes da aposta intensiva nos canais não presenciais, dos progressos tecnológicos, da concorrência de novos players no mercado e da introdução da consultoria robótica, fruto desse mesmo progresso.
Um dos principais impulsionadores desta transformação tem sido a capacidade de organizar, analisar e transformar os dados em informação e em conhecimento. No fundo, obter deles insights sobre tendências de mercado, comportamento dos clientes e gestão do risco.
Por outro lado, as evoluções do setor financeiro incrementaram significativamente os níveis de complexidade dos sistemas de informação – seja ao nível do aparecimento de mais produtos e serviços (muitos deles com elevados níveis de sofisticação), seja pelo surgimento de novos canais de distribuição, seja ainda ao nível da regulamentação.
Este novo contexto, aliado às urgências e requisitos impostos pelo mercado, pelos concorrentes e pelos clientes obrigou as instituições a adotarem novas soluções que, em cada momento, foram consideradas as mais adequadas. Porém, muitas vezes, a necessidade de resposta urgente deu origem à adoção de soluções heterogéneas que foram criando silos de dados e dispersão da informação.
Assim, para conseguirem tirar partido dos dados, as instituições financeiras enfrentam hoje vários desafios. Em primeiro lugar, o volume de informação – os dados são gerados a um ritmo cada vez mais rápido, para o qual contribuem os sensores, presentes em múltiplos devices, a criação de conteúdos cada vez mais sofisticados e as comunicações 5G. Existe a expectativa de existirem 175 ZB de informação em 2025.
Em segundo lugar, a diversidade de conteúdos, que acarreta a crescente necessidade de conseguir tratar dados estruturados, semiestruturados e não estruturados. Em terceiro, a qualidade dos dados (como sabemos, tudo o que não é cuidado tende para o caos e a qualidade de informação que reside nas bases de dados, na ausência de políticas de Data Governance, torna essa informação obsoleta, irrelevante ou com pouca qualidade). Por fim, a regulação e segurança – ou seja, com a introdução de legislação em torno da proteção dos dados, é crítico as instituições distinguirem entre dados pessoais sensíveis e dados gerais que não implicam identificação de um indivíduo, e criarem diferentes layers de segurança em torno da informação.
As instituições que melhor dominarem este desafios são as que estarão mais bem posicionadas para tomar melhores decisões de investimento, gerir riscos e identificar novas oportunidades de negócio. Para isso, necessitam de investir em arquiteturas de dados e na implementação de ferramentas sofisticadas de análise de dados, com o uso de algoritmos avançados capazes de analisar tendências de mercado e identificar oportunidades de investimento. Tal como precisam de envolver os seus recursos internos com profissionais qualificados, criando equipas multidisciplinares, com o objectivo de tirar proveito dos dados que processam.
Que não restem dúvidas: a informação desempenha um papel central neste novo setor financeiro. As instituições que melhor conseguirem extrair, analisar e aproveitar os dados são aquelas que estarão em melhor posição para serem inovadoras, e criarem valor para si e para os seus clientes. A solução passará por investir em tecnologia, talento e pelo estabelecimento de parcerias estratégicas que permitam aproveitar o “poder da informação”, permanecerem competitivas e liderarem o mercado.
João Gonçalves, 47 anos, é diretor na Asseco PST, empresa de Tecnologias de Informação especializada no desenvolvimento de software bancário, onde trabalha desde 2013. É atualmente responsável pelas equipas de Canais Digitais, Data & Analytics e CRM.
Licenciou-se em Economia, em 1998, pela Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa (UNL). Concluído o curso, dedicou-se, entre outras tarefas, à investigação, desenvolvimento e teste de software específico para instituições bancárias e para a Bolsa de Valores de Lisboa no CEGE – Centro de Estudos de Gestão Empresarial da UNL. Em Março de 2001, entra como consultor para a Accenture, de onde transita, cinco anos mais tarde, para a consultora Datacomp, como subdiretor de Serviços Bancários. No início de 2009, dá novo rumo à sua vida profissional, ao assumir as funções de diretor na consultora Via Consulting, onde se mantém até Agosto de 2013.
Ao longo da sua vida profissional, teve oportunidade de acompanhar projetos para diversas instituições bancárias, nacionais e internacionais, incluindo os bancos Santander Portugal, BPN, CGD, BAWAG P.S.K. (Áustria), Millenniumbcp e Banco Nacional da Argélia.
Na Asseco PST, além das equipas que coordena, foi responsável pela implementação de vários projetos em quatro mercados distintos: Angola, Moçambique, Portugal e Timor Leste.