Efetivamente, durante anos, a componente financeira teve sempre um forte peso no conjunto global de variáveis que contribuíam para a decisão tomada por profissionais na escolha de um novo/diferente desafio (consequentemente, organização e projeto). Todavia, à medida que as margens comerciais se tornaram cada vez mais exíguas, o mercado altamente competitivo – no plano nacional e internacional – e as diferenças entre salários, numa perspetiva financeira, cada vez mais mitigadas – até pelo impacto fiscal crescente; os profissionais – sobretudo os mais talentosos – aprenderam a valorizar e a destacar outras mais-valias que projetos e organizações podem proporcionar – para a sua vida pessoal, familiar e profissional.
A este conjunto de mais-valias – variáveis adicionais no processo de tomada de decisão – têm se chamado, cada vez mais, de “salário emocional”. E emocional, na medida em que, ainda que possa ter uma efetiva mensuração do seu valor – este não é ainda, felizmente, tributável – e, ao mesmo tempo, cria, reforça, dinamiza, valoriza uma relação próxima, comprometida e emocionalmente positiva entre colaboradores e organização.
A possibilidade de dispor de um horário flexível – de gerir o meu próprio tempo e responsabilidades adicionais que disponho do ponto de vista pessoal e familiar – não é tributável e, para muitos “não tem preço”. A hipótese de trabalhar num ambiente divertido, no qual me sinto “feliz”, reconhecido, valorizado e em grupos talentosos de discussão técnica que me fazem “sentir crescer” não se vê no recibo de vencimento, mas “sente-se” e reflete-se na progressão profissional.
Para quem, como nós, foi recentemente, reconhecida como uma das “melhores empresas para trabalhar em Portugal, em 2018”, na iniciativa promovida pela revista Exame, AESE Business School e Everis, sentimos todos os dias, direta e indiretamente, a importância que tem na produtividade e na eficácia das nossas pessoas, “aquele brilho no olhar” e que o dinheiro não compra. Só mesmo, um “bom salário emocional”.
Nuno Ferreira
Tem mais de 15 anos de experiência nos vários domínios de data science – da investigação e data mining à extração de dados; produção de informação e visualização e design da mesma (destacando-se, em particular, em trabalhos sobre a escolha dos eleitores); indústria da aviação; retalho e telecomunicações. Foi fundador de várias empresas – da agricultura aos serviços – sendo developer de soluções técnicas e laboratório de experiências de monitorização para subsequente aplicação na cadeia de valor agrícola. Criou a Tisad Technologies e é também um dos sócios fundadores da REBIS, na qual assume o papel de Chief Corporate Development Officer e Co-CEO.