O Futuro da Inovação Digital

As organizações terão de criar valor numa economia digital e para tal terão de ser capazes de oferecer os seus serviços e experiências digitais baseadas em software.

A agenda do CEO

Com base em estudos realizados com CEOs e líderes de indústria em todo o mundo, a IDC acredita que os quatro principais temas na agenda do CEO nos próximos anos estarão relacionados com: 

  • Novos requisitos dos clientes.
  • Novos recursos e competências.
  • Novas infraestruturas críticas.
  • Novos ecossistemas nas indústrias.  

O “Futuro da Inovação Digital” enquadra-se no tema dos “Novos Recursos e Competências” e estará diretamente relacionado com a oferta de serviços e experiências inovadoras em escala. Estudos recentes da IDC realizados com CEOs concluíram que o tema do “Desenvolvimento de Capacidades de Software para Suportar a Inovação” se encontrava na sexta posição entre os temas mais relevantes para o futuro das organizações.

O contexto

Ao longo dos últimos anos, enquanto a expressão “transformação digital” ganhava mais e mais visibilidade, muitos foram aqueles que, com maior ou menor autoridade, foram utilizando a expressão “Every Company is a Software Company”. Tal como a “transformação digital” foi muitas vezes confundida com “Transformação do Digital” em vez de entendida como “transformação do negócio num contexto digital”, também houve quem acreditasse que todas as empresas passariam mesmo a ser players da indústria de software. Com o passar do tempo a substância foi-se sobrepondo à forma e hoje é evidente para cada as organizações que a sua missão irá passar por continuarem a criar valor nas suas indústrias, mas tirando partido das tecnologias da 3ª plataforma e dos aceleradores de Inovação para oferecerem serviços e experiências inovadoras de forma ágil e em escala. A IDC prevê que até 2025 mais de dois terços das empresas do G2000 terão capacidade de desenvolver inovação baseada em software com alto desempenho e em larga escala. 

A Inovação Digital Hoje

A IDC define “confiança” como a condição que permite a tomada de decisões entre duas ou mais entidades e que reflete o nível de confiança (risco e reputação) entre as partes. A confiança apresenta novas variáveis que vão além da ideia tradicional de segurança, integrando as dimensões de risco, conformidade, privacidade e, até, ética nos negócios. 

Estas novas variáveis alteram a perspetiva da forma como diferentes entidades se relacionam num ecossistema, transformando muitas vezes abordagens determinísticas de “o que as organizações têm de fazer“ para abordagens mais difusas de “o que as organizações devem fazer” ou mesmo “quanto a organização deve fazer”. Desta forma, as abordagens mais tradicionais de segurança, risco, conformidade ou privacidade terão de evoluir tanto em âmbito quanto em escala, mas sobretudo, terá de existir uma visão muito mais holística sobre a forma como estes temas devem estar interligados. 

Confiança na Economia Digital

Nos últimos anos, de uma forma geral as organizações foram-se transformando em consumidores de pacotes de software e serviços digitais, com um foco especial na procura de novas eficácias e eficiências nos seus processos internos. “Cortar as gorduras“ foi sendo um dos principais desafios dos CEOs, cabendo aos CIOs muitas vezes a difícil tarefa de “fazer as dietas loucas”. Competir de forma sustentável na economia digital foi ficando muitas vezes para segundo plano pelo que uma das principais ameaças à transformação digital está relacionada com a perda de capacidade das organizações produzirem verdadeiras inovações digitais baseadas em software em escala e a um ritmo cada vez mais rápidos, em parte devido aos constrangimentos criados pelos “legacy” tecnológico, mas também de competências, metodologias, relacionamentos com fornecedores ou modelos de colaboração com parceiros.      

Fonte:  IDC Market Glance - Digital Disruptors
Fonte:  IDC Market Glance - Digital Disruptors

No futuro os esforços de inovação digital levarão a que cada vez mais organizações adotem modelos de sourcing, desenvolvimento e distribuição de software das empresas “nativas digitais”, ou seja, modelos alimentados por ecossistemas e plataformas hiperconectadas, com operações em hiper velocidade e com capacidade de criar e entregar serviços digitais diferenciados em grande escala.

Marcadores de Mudança

  • A percentagem de organizações que recorre a aplicações comerciais exclusivamente de fornecedores comerciais cairá de 95% hoje para 75% em 2022, à medida que forem suportando as suas estratégias de transformação digital com aplicações desenvolvidas internamente.
  • Até 2023, como resultado dos esforços de transformação digital, os gastos corporativos em desenvolvimento interno de software para suportar a inovação digital irão aumentar mais de 50%.
  • Até 2023, 60% das empresas do G2000 terão implementado mecanismos para desenvolver e suportar o seu próprio ecossistema de software.
  • A percentagem de código usada em aplicações por programadores corporativos com origem em “marketplaces”, repositórios de código e plataformas aumentará de 30% em 2019 para 80% em 2025.
  • O número de Organizações com passagens diárias para produção aumentará de 3% em 2019 para 60% em 2025.

Conselhos para os Fornecedores de Tecnologias

Os principais fornecedores de tecnologias estão a ver os seus clientes a desenvolver capacidades internas de desenvolvimento de software para suportarem a criação e distribuição de serviços e experiências digitais em grande escala. No entanto, os fornecedores de tecnologias deverão entender que os seus clientes não passaram a ser seus concorrentes. As organizações clientes estarão essencialmente a procurar vantagens competitivas específicas nas suas indústrias e nos seus ecossistemas pelo que o principal desafio para os fornecedores de tecnologias deve ser garantir que continuam a fazer parte desse ecossistema. 

Bruno Horta Soares

Bruno Horta Soares

Leading Executive Advisor at IDC Portugal 

https://www.linkedin.com/in/brunohsoares/

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