#35 José Henriques – Desafios de futuro num setor altamente digitalizado

A conversa fluiu sem grandes pressas durante a mais recente edição do Future Enterprise Show. Oportunidade para ouvir José Manuel Henriques, CTO/CIO do Grupo Crédito Agrícola, falar com Gabriel Coimbra e Fernando Bação, sobre os grandes desafios que tem pela frente ao longo de todo o processo de transformação de uma future enterprise. Mas não só…

José Henriques assume-se como a soma dos seus “mais” e dos seus “menos”; incapaz de estar parado, em paralelo com a sua carreira profissional, pratica ciclismo e da modalidade retirou uma das ideias que o guiam: “Quando se para, caímos.” 

Talvez por isso se assuma “inquieto”, sempre com vontade de provocar movimento nas pessoas que trabalham consigo, fazendo-as “descobrir coisas fora da sua zona de conforto”.

Olhar para o setor financeiro, onde atualmente se movimenta, é perceber os seus enormes desafios, um conjunto de ameaças “que chegam não só dos bancos tradicionais, mas também de negócios que são quase parabancários e que fazem e farão concorrência no futuro”.

Outras questões a ter em conta dizem respeito “à internacionalização de todo o negócio bancário e à entrada de players internacionais no negócio nacional”. Juntem-se ainda os desafios tecnológicos, desafios de regulação e a mudança do centro económico “que está a sair da europa para outras geografias como a ásia e que vem mudar o perfil de consumo e de cliente bancário”. E na soma das partes, a banca terá muito por onde intervir.

#34 José Henriques - Desafios de futuro num setor altamente digitalizado

José Manuel Henriques acredita que “conseguir gerir o equilíbrio entre o que temos de resolver hoje e o que temos de pensar no futuro, entre a tática e a estratégia” vai dar trabalho. 

No caso do Crédito Agrícola, “somos um banco muito particular porque temos uma dispersão geográfica muito grande e além disso temos uma boa dispersão de base de clientes”, refere. Condições que trazem “uma grande vantagem competitiva no face to face da banca tradicional e isso é algo que temos de conseguir explorar e fazer crescer”. 

O Banco foi “pioneiro no lançamento do primeiro e único (para já) neobank que existe em Portugal” num desafio “muito interessante porque consegue equilibrar, de uma forma harmoniosa, o que é a banca do futuro com a banca tradicional na qual temos de continuar a investir cada vez mais”.

Em termos de tecnologias a considerar, o CTO/CIO do Grupo Crédito Agrícola aponta “o tema dos dados, de IA, blockchain e cloud” como situações a trabalhar no futuro. Mas o grande desafio passa mesmo pela “gestão do talento e do mindset na forma como se consegue fazer a transição das equipas, já que quem pensa Cobol no passado não terá necessariamente de conseguir agora pensar blockchain”.

Entre as áreas chave de maior investimento ao nível da tecnologia contam-se “a necessidade de simplificar o ecossistema, toda a parte regulatória e depois tudo o que tem a ver com projetos relacionados com canais e oferta comercial”. 

Como já vem sendo habitual, a conversa não terminou sem alguns conselhos aos mais novos e, nomeadamente, às suas filhas para enquadrarem o futuro profissional, e duas ideias de livros a ler: “Nós, enquanto pais, transmitimos muito do que são os nossos valores e a educação e conselhos que damos, em grande parte, é refletida pelos nossos comportamentos. Do ponto de vista de orientação profissional quero que as minhas filhas preencham o sonho que têm porque acredito que uma pessoa só vai ser bem-sucedida se for atrás do seu sonho”. 

Os livros que marcaram este profissional foram, por exemplo, “On China”, de Henry Kissinger, e “Memórias da Segunda Guerra Mundial”, de Churchill.

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