Nos últimos anos o grande desafio da Claranet tem sido convencer as organizações a externalizar o mais possível as suas necessidades de TI, adotando serviços geridos (managed services), com exceção daquilo que é “core” no seu próprio negócio. Porque acreditamos mesmo que empresas como nós são mais especializadas e mais competitivas nessa gestão. Este desafio certamente será menor no futuro, circunstância da infeliz crise atual.
Esta crise foi um choque de realidade para muitas empresas. As que já usavam plataformas Cloud – privada, pública ou híbrida – nas suas infraestruturas e soluções atuais de Workplace – ferramentas colaborativas de mensagens, gestão de projeto e trabalho em equipa, equipamentos mobile e laptop, conetividade sem fios, formação e promoção da adoção dessas ferramentas, etc. – , foram as que se adaptaram mais rapidamente ao trabalho remoto, com menos perda de produtividade. Foram também as que mais rapidamente conseguiram aumentar a capacidade das suas plataformas de aplicações críticas de negócio e as que mais facilmente mantiveram os seus colaboradores e clientes ligados à empresa.
Para outras, a adaptação foi mais dolorosa e teve maior impacto na produtividade. Não é de um dia para o outro que se criam processos de trabalho remoto antes inexistentes. Nem se aumenta rapidamente a capacidade de computação e armazenamento, tendo que encomendar equipamentos que demoram semanas a chegar, ou que são adquiridos através de processos de compras obsoletos.
O novo normal é o trabalho remoto. É certo que em breve voltaremos aos escritórios, mas não precisamos de o fazer na mesma escala que anteriormente. Em algumas funções, parcial ou totalmente, o trabalho remoto permite mais produtividade, melhor equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, torna as empresas mais atrativas para captação de talento. Produtividade versus Tempo no escritório. É uma relação em que todos saem a ganhar. Inclusive o meio ambiente.
O novo normal é as TI estarem na Cloud, sempre que possível. O custo da migração vai ser relativizado, face ao custo da inflexibilidade que as TI “dentro de casa” necessariamente tem. O custo mensal de um serviço adaptável e resiliente, em alternativa ao investimento e aos custos escondidos de operação ou de contratação de recursos humanos especializados, vai parecer muito mais adequado, quando as variações no mercado e nos seus negócios obrigam as empresas a adaptarem-se continuamente. Sobrevivem e prosperam as empresas mais ágeis, independentemente da sua dimensão (a dimensão só ajuda).
O novo normal é um aumento, mais acelerado, da atividade online, tanto para a sociedade em geral, como para as empresas em particular. Mais atividade online significa também mais risco online, de crime, burla, fuga de informação, dano reputacional ou interrupção de negócio. A Cibersegurança subirá na escala da preocupação dos gestores de TI.
O nosso desafio comum agora é ultrapassar esta crise, salvar vidas e, depois, recuperar a economia. E a tecnologia estará presente em todos estes momentos.
António Miguel Ferreira
Managing Director Iberia & Latin America da Claranet
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