O Futuro das Operações

O Futuro das Operações

Se as previsões da IDC estiverem corretas e as experiências personalizadas duplicarem a cada seis meses, as empresas terão de encontrar formas de transformar as suas operações internas para suportar esse estado de mudança constante. Os objetivos de produtividade e eficiência que estiveram no topo das prioridades das organizações nos últimos anos terão de ser redirecionados para objetivos e métricas orientadas para o mercado.

A Agenda do CEO

Com base em estudos realizados com CEOs e líderes de indústria em todo o mundo, a IDC acredita que os quatro principais temas na agenda do CEO nos próximos anos estarão relacionados com: 

  • Novos requisitos dos clientes.
  • Novos recursos e competências.
  • Novas infraestruturas críticas.
  • Novos ecossistemas nas indústrias.  

O “Futuro da Conexão” enquadra-se no tema dos “Novos Recursos e Competências” e estará diretamente relacionado com a transformação dos objetivos operacionais de produtividade e eficiência para objetivos orientados ao mercado. Estudos recentes da IDC realizados com CEOs concluíram que o tema das “operações orientadas para o mercado ” se encontrava na sética posição entre os temas mais relevantes para o futuro das organizações. 

O Contexto

Se as previsões da IDC estiverem corretas e as experiências personalizadas duplicarem a cada seis meses, as empresas terão de encontrar formas de transformar as suas operações internas para suportar esse estado de mudança constante. Os objetivos de produtividade e eficiência que estiveram no topo das prioridades das organizações nos últimos anos terão de ser redirecionados para objetivos e métricas orientadas para o mercado. Esta evolução representará uma transformação significativa da forma como as operações são entendidas, em particular no setor industrial.  

robot in car factory

As Operações Hoje

Nos últimos anos, as organizações de uma forma geral, e no setor industrial em particular, implementaram programas Six Sigma e de otimização de processos para obter obterem maior eficiência organizacional. Este tipo de iniciativas fomentou uma cultura de qualidade e de melhoria contínua, onde muitas vezes, sem se transformar, se conseguia com pequenas mudanças alcançar ganhos significativos de eficiência e eficácia. As operações e os orçamentos operacionais são tradicionalmente rígidos e fortemente orientados a previsões e planeamentos de longo prazo. As previsões de produção dependem sobretudo de análises histórias do mercado, limitando a capacidade das organizações detetarem e reagirem a mudanças repentinas de quantidade de procura ou de novas expetativas por parte dos clientes. 

A eficiência operacional está enraizada numa cultura de padronização de produtos e serviços. As organizações limitam as opções de produtos e serviços oferecidos ao cliente para permitir eficiências no design de produtos, compras a fornecedores, processos logística e de negócio. Nos últimos anos cresceu uma indústria de empresas que prestam serviços ou disponibilizam produtos para apoiar as empresas a otimizar as configurações dos seus produtos ou a implementar eficiências operacionais, o que fomentou, na melhor das hipóteses, uma cultura de inovação incremental. 

Ainda que exista alguma flexibilidade operacional no plano anual, em grande medida decorre do excesso de recursos, stocks de fornecedores, stock de produto final ou capacidade dos canais. Esta realidade resulta em custos significativos nos produtos entregues ou margens reduzidas. As empresas foram aprendendo a viver com o risco potencial de obsolescência dos stocks dos seus produtos resultante de mudanças no mercado que não eram visíveis nas previsões, confrontando-se cada vez mais com a necessidade de tomada de decisão sobre manter os planos versus ajustar os planos para responder aos sinais do mercado. Qualquer decisão corre o risco de tornar obsoletas grandes quantidades de stock de produto, perder oportunidades de mercado ou reduzir o lucro

As Operações na Economia Digital

Numa economia digital, para responder à procura crescente de produtos e experiências personalizadas, as empresas terão de passar de uma cultura operacional de eficiência para uma cultura orientada pelo mercado. Num futuro próximo haverá cada vez menor distinção entre as Tecnologias de Informação (TI) e as Tecnologias Operacionais (OT), passando a existir uma visão holística da forma como a informação e as tecnologias podem contribuir para a criação de valor na organização. Uma organização com operações resilientes poderá tomar decisões quase em tempo real, respondendo de forma eficaz aos sinais do mercado e permitindo que a rigidez da relação entre inventário e recursos e os planos operacionais seja significativamente reduzidas pela capacidade de melhor previsão das necessidades do cliente, da procura do mercado e do desempenho operacional. 

A WestRock é um exemplo de uma empresa global de embalagens que já iniciou o processo de transformação das operações. Os clientes da WestRock, em particular os fabricantes de alimentos e bebidas, esperam que a WestRock crie embalagens mais exclusivas para poderem aumentar a personalização e melhorar a relação com os consumidores. Estas inovações podem incluir embalagens interativas ou displays na loja personalizados para uma determinada região. Para a WestRock, um fabricante incumbente cuja fábrica foi montada para oferecer eficiência e eficiência, isto significou menores quantidades de produção e mudanças mais frequentes de máquinas para suportar as diferentes variantes de embalagem e displays. A WestRock respondeu a estes novos requisitos dos seus clientes com uma transformação da mentalidade para operações orientadas pelo mercado. A WestRock desenvolveu novas máquinas e conectou ativos e processos produtivos para poder responder a maiores variações de produção. As mudanças ao nível do chão de fábrica passaram a ser possíveis realizar em um terço do tempo com um simples pressionar de um botão num ecrã.  

Marcadores de Mudança

  • Até 2023, 50% das Organizações do setor industrial terão uma visão integrada do conhecimento OT e TI com o objetivo de impulsionarem e suportarem a transformação digital das suas operações.
  •  Até 2024, 60% do investimento de capital normalmente destinado à eficiência operacional passará a ser direcionada para a capacidade de resposta operacional às mudanças e procura de personalização dos mercados. 
  •  Até 2024, a adoção da plataformas IoT e a digitalização de ativos permitirá o “self-healing” de ativos e processos e a automação completa de ações corretivas em mais de 75% dos novos processos operacionais, em comparação com menos de 10% em 2019.  

Conselhos para os Fornecedores de Tecnologias

Os clientes irão transformar os objetivos operacionais de produtividade e eficiência em objetivos orientados ao mercado. Para tal, nos próximos três anos 50% das organizações do setor industrial irão integrar o conhecimento IT e OT, alargando os compradores de tecnologias cada vez mais às áreas operacionais. É importante que os fornecedores de tecnologias comecem a desenvolver relações comerciais também com este novo tipo de clientes.

Bruno Horta Soares

Bruno Horta Soares

Leading Executive Advisor at IDC Portugal 

https://www.linkedin.com/in/brunohsoares/

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